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sábado, 16 de julho de 2011

O injustiçado Luiz Borracha



Luiz Borracha era reserva de Jurandir no gol do Flamengo durante a campanha do primeiro Tricampeonato Carioca. Era um goleiro ágil, forte, seguro, elástico e modesto. Não gostava de chamar a atenção de ninguém. Treinava, jogava, entrava e saia do time, tudo o mais discretamente possível. Sempre que entrava, fazia defesas eletrizantes com saltos acrobáticos. Tamanha era sua elasticidade, recebeu o apelido de “Luiz Borracha”, dado pelo locutor esportivo Ary Barroso. Foram 154 jogos com o Manto Sagrado, cinco títulos conquistados, sendo os mais importantes os Campeonatos Cariocas de 1943/44. Luiz Borracha era o goleiro que defendia o clube na maior goleada ocorrida em um Fla-Flu, os 7x0 de 1945, em que Pirilo fez quatro gols.

O jogo mais marcante de sua carreira no Flamengo, entretanto, foi uma derrota para o Botafogo, na qual sofreu incríveis cinco gols em 18 minutos, sendo substituído sob intensas vaias da torcida rubro-negra. Foi acusado por dirigentes rubro-negros de ter se vendido ao Botafogo e saiu do time. Após deixar o futebol, as pessoas esqueceram seus dias de glória e Luiz Borracha passou por momentos difíceis em sua vida. Anos depois, reparadas as injustiças, o ex-goleiro voltou à Gávea como massagista do time principal do Flamengo.

Luiz Gonzaga de Moura, o Luiz Borracha, nasceu em Lavras (MG), no ano de 1920. Começou sua carreira no Minas S. C., time de Barra Mansa (RJ), em 1938, ficando no clube até 1942. Em 1943, é contratado pelo Flamengo para ser reserva de Jurandir. Foi o técnico Flávio Costa quem o lançou na equipe principal do Mengão, e foi ele quem o levou para defender a Seleção Carioca e a Seleção Brasileira. Disputou a Copa América de 1946, e foi campeão da Copa Rio Branco em 1947. Assume o gol do Flamengo com a saída de Jurandir, em 1946, e fica no clube até 1949.

Passou a contar com a antipatia da torcida após ter falhado em um gol contra o Botafogo, numa partida ocorrida no ano de 1948, em General Severino. A bola vinha para Luiz Borracha, mas Biguá se choca com ele e na sobra Braguinha marca o gol para o Botafogo. Após o lance, Biguá olha para Luiz Borracha com as mãos na cintura e acaba o jogando contra a torcida. Naquele lance Luiz Borracha estava sendo enterrado para o futebol. Dirigentes o acusaram de ter se vendido ao Botafogo e ele terminou saindo do time. As portas dos times grandes se fecharam para o goleiro, por medo de que a acusação fosse verdade. Luiz Borracha era uma vitima, ninguém conseguiu provar as acusações que lhe foram feitas, mas para uma injustiça ser reparada é preciso que o autor da acusação se retalie, fato que nunca ocorreu.

Após essa polêmica vai para o Bangu (RJ), onde fica até 1951. Logo após se transfere para o São Cristóvão (RJ), e em 1953, vai para o Atlético Nacional (VEN), onde se aposenta em 1954. Luiz Borracha terminou como limpador de automóveis.

Mesmo magoado com a situação que o levou a deixar o clube, acabou retornando ao Flamengo para integrar a comissão técnica, em 1956, após convite do ex-companheiro de time Jaime de Almeida. Os dirigentes do clube lhe ofereceram um cargo de auxiliar de massagista, foi retirada a calúnia que envolvia seu nome e ele passou a viver em paz. Luiz Borracha recuperou-se com a sociedade, mas seus anos perdidos no futebol ninguém conseguiria devolver. Foi um preço alto demais para um grande goleiro do Flamengo e da Seleção Brasileira. Talvez o destino tenha resolvido cobrar essa injustiça feita pelos dirigentes do clube, e quem pagou a conta foi o próprio Flamengo.

Luiz Borracha teve um filho, apelidado de Borrachinha, que jogou nas divisões de base do Flamengo, mas não foi aproveitado. Após rodar por muitos clubes, Borrachinha foi parar no Botafogo. Entre 22/10/1978 e 27/05/1979, o Flamengo jogou 52 partidas, com 43 vitórias e 9 empates, recorde de invencibilidade para um time brasileiro, junto com o Botafogo. No dia 03/06/1979 o Flamengo jogaria no Maracanã contra o próprio Botafogo para estabelecer um novo recorde de 53 vitórias. Após o goleiro titular se machucar, Borrachinha começaria como titular, justo contra seu ex-time e do seu pai. Diante de 139.098 pessoas aconteceu o improvável, vitória do Botafogo por 1 a 0, gol do Renato Sá, que anos atrás também tinha colocado fim na invencibilidade de 52 jogos do Botafogo. Borrachinha foi um dos destaques do time alvinegro, com inúmeras defesas que lembraram os velhos tempos de seu pai.

Luiz Borracha faleceu no Rio de Janeiro, em 1993.

http://heroisdomengao.blogspot.com/2011/07/o-injusticado-luiz-borracha.html

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou Flamengo e sou da mesma cidade do Goleiro Luiz Borracha, Lavras MG. Muito me orgulho de ter tido um conterrâneo que vestiu o "manto sagrado" e deve ter feito boas defesas por lá, senão não teria sido contratado. Verdade que tudo tem seu início e fim. Gostaria de saber quem são seus parentes aqui, mesmo em grau distante.